Quais são as Forças Internas que comandam as nossas Vontades?
Quais são as Forças Internas que comandam as nossas Vontades?
Nietzsche reconhece dois tipos de
força que atuam sobre os homens. A uma ele dá o nome de dionisíaca,
alusão ao deus Dionísio do panteão grego. Aquele mesmo do vinho, das festas e
dos bacanais. É uma força positiva que se auto afirma como sendo boa. Não boa em
relação a outras, mas boa em si mesma. Espontânea, afirmativa, autônoma, honesta
que não quer e não precisa ser avaliada ou julgada por quem quer que seja. Ela
tem a força da autenticidade afirmativa. Busca o bem para si e não visa
qualquer tipo de mal a ninguém.
A outra força descrita pelo
alemão é a apolínea. Alusão ao deus Apolo, do mesmo panteão já mencionado.
Considerado, entre outras coisas, como o deus da justiça, da lei e da ordem.
Mas a justiça aqui recebe um teor negativo. Como coisas que não se podem ou se devem
fazer. Como uma censura que coíbe a pulsão positiva. Um freio à espontaneidade
afirmativa.
Enquanto uma é uma afirmação de
si mesma, a outra é uma reação. Como o outro irá avaliar minha conduta. Há uma
preocupação com o que vem de fora. Não que seja heterônoma em si, mas num
movimento que traz para dentro de si um potencial crivo do outro, quando não
exagerado. Devo ou não agir desse modo? É certo? É lícito?
Mas mitos não são meras
estorinhas inventadas, mas sim alusões a verdades escondidas e
entremeadas em contos fantásticos. Se dermos mais atenção às verdades que
trazem e menos aos detalhes alegóricos que fazem as vezes de meio, perceberemos
que estas forças descritas por Nietzsche existem dentro de cada um de nós.
Ora uma aflora, ora outra. Em
alguns uma mais que outra e em outros de modo inverso. São forças que se
digladiam dentro de nós, uma querendo se manifestar e outra vindo em censura,
impedindo que a primeira se expresse. Em sociologia costuma-se dizer que a pena
ao condenado é menos uma punição ao infrator por sua falta do que um
referencial para o restante da sociedade. Para que esta não se atreva a
incorrer no mesmo erro. Como modo de frear os ímpetos.
Embora essas duas forças visem o
nosso próprio bem, uma buscando o bem que deseja e outra tentando evitar um
possível mal, são forças e pulsões que não tem inteligência nem discernimento
próprio. Elas nos vêm do nosso profundo subconsciente e não de nossa mente
consciente e inteligente. Tanto uma como outra, mas acabam por comandar nossas
ações nos guiando a fazer algumas coisas e não fazer outras.
É aqui que a coisa complica! A
potência dessas forças acaba tomando proporções tão grandes que elas
ultrapassam os limites de uma orientação sadia e acabam por se
transformar em dominação. São elas que nos têm e não nós a elas.
Acabamos subjugados por tais forças, que sobrepujam nosso livre arbítrio.
Dissimulada como “minha vontade” a força dionisíaca quando vence a apolínea
incorre em exageros e desvarios. Abusa da comida, da bebida, do sexo, de drogas
lícitas ou ilícitas. Enquanto não é cobrada de seu preço vê tais excessos como
prova de seu poder e se sente extasiada.
Mas, o risco das punições e
prejuízos que podem vir de tais descontroles pode exacerbar as forçar apolíneas
até que elas nos tornem reféns de seu próprio juízo. Ao menor risco,
recrudescem as censuras e a voz que vem de dentro soa como ordem definitiva.
Acabamos por ver perigo em tudo quando o verdadeiro perigo vem de dentro, da
outra força desenfreada.
Em meio a essa batalha de forças
acabamos como reféns de nós mesmos. Espremidos entre duas forças que nos
oprimem nos guiando para um lado, depois para outro como petecas em mãos
infantis e no limite da batalha nos mantendo paralisados.
Estas forças acabam tendo domínio
sobre nós, sobretudo quando nós não temos domínio sobre elas.
Mas ainda há esperança! É
possível retomar o controle e fazer uso dessas forças com inteligência e
discernimento. Mas para colocar ordem nessa bagunça é preciso primeiro
reconhecer a intenção de cada qual delas. Se conectar profundamente com as tais
forças e compreender que são suas forças, que estão dentro de você e que
você precisa assumir o comando sobre elas, com pulso firme e autoridade.
Com isso, sob sua autoridade e
comando, elas podem ser suas aliadas quando o discernimento apurado assim
decidir.
Sob seu comando elas se
transformam e riquezas disponíveis ao uso. Forças poderosas e aliadas. Deixam
de te acanhar e limitar e te enriquecem.
Claro que para virar esse jogo é
preciso de método e técnica apropriados.
Mas nada que um bom mentor não dê
jeito.
Quer saber como isso funciona?
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