De acordo com a própria consciência?
De acordo com a própria consciência?
Por Jadir Mauro Galvão
Mais uma vez se aproxima uma
votação aberta na câmara dos deputados em Brasília e que pode resultar na perda
de mandato de um parlamentar que parece ter mais força que a Sra. Dilma.
Eduardo Cunha, mais do que apenas a força dos próprios votos que o reelegeram deputado
federal, parece ter algumas cartas na
manga. (Mero eufemismo para “alguns rabos presos”). Não quero avaliar aqui
se são procedentes ou não os argumentos e fazer um julgamento antecipado, mas sim
lançar um singular foco de luz sobre uma das frases mais recorrentes dos "ilustres" deputados e senadores da República. Vez por outra um parlamentar
interpelado por qualquer repórter alega que irá votar “com a sua própria
consciência”. Sim claro, mas precisamos todos, inclusive os ilustres
parlamentares, entender o que é esse voto pela própria consciência.
Pesando na consciência dos
excelentíssimos podem estar seus próprios interesses ou receios. Sua próxima
eleição, seu próprio mandato, verbas para alguma obra que iria destinar para
seu curral eleitoral e ainda assim estaria votando com a própria consciência.
Sua consciência pode estar assolada por alianças políticas honestas ou
espúrias, não importa. O que quero aqui tratar é que não reside, não pode
residir na consciência do parlamentar o fator determinante para seu voto.
Ele é representante do povo e, como tal, deve expressar o mais fielmente
possível os anseios de seus eleitores e mesmo dos que nele não votaram. Mesmo
que tal posição não coincida com suas próprias convicções ou sua consciência. É
que a ideia de cidadania não foi
razoavelmente disseminada e se criou uma cultura em que o então candidato pede
o voto do eleitorado que mais parece ser uma carta branca para que ele faça o
que bem entender, de acordo com sua própria consciência. Se no recente episódio
da votação do impeachment fez-se valer a vontade da maioria, foi pelo fato de
que ela se mostrou nas ruas, expressou sua vontade e coagiu seu representante a
votar de acordo com seu clamor, sob o risco de ter abreviada sua carreira
política.
Não nos expressamos, não criamos
meios para isso. Os que conseguem uma audiência com algum parlamentar, tratam
de assuntos de seu próprio interesse e não de questões relevantes da população.
Ainda nos sobra o voto para reeleger ou
não o candidato, mas sequer é esse o meio de diálogo mais democrático, pois o
próprio candidato não consegue expor as razões que o levaram a um ou outro
voto. Este é so um chamado para que possamos aproveitar a onda de politização e
transforma-la numa onda de cidadania. Cobrar a criação de meios de diálogo com
nossos representantes.
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