Como nascem os nossos medos?
Como nascem os nossos medos?
Claro que existe um medo ancestral e originário em cada um de nós. Ele é imediato, isto é, não depende do nosso discernimento ou raciocínio. É como um instinto animal. É inato a todos os seres humanos. Mas esse medo é benéfico. É ele que nos alerta sobre os perigos reais e iminentes. Cair de lugares altos, contato com bichos perigosos e outros tantos perigos que, protegidos exatamente por esse medo, nos mantém seguros. Pode-se dizer que esse medo é tanto real quanto verdadeiro.
Mas há um outro tipo de medo. O medo
que aprendemos a sentir. Uma criança pequena, estando no caminho de uma barata,
teria talvez curiosidade de pegar, olhar mais de perto e até levar à boca. Mas
é exatamente nesse momento que uma mãe zelosa vai até a criança mobilizada e adrenalizada
com todo o seu medo, pega a criança no colo com ímpeto, sai de perto do “extremo
perigo”, dá um grito bem próximo do ouvidinho da criança, para que alguém a
ajude na hercúlea tarefe de se desvencilhar do “perigoso bicho”!
Há uma conexão tanto emotiva
quanto de sensibilidade entre a mãe e a criança. O que a mãe sente em seu corpo
é facilmente assimilado pela criança. Mesmo o que passa em sua mente. Apesar de
ainda não ter discernimento racional suficientemente desenvolvido, a criança
capta e armazena imagem, sensação e a conexão entre ambos. Pronto, medo
aprendido!
Honestamente falando, não há
risco algum nesse encontro. A baratinha, coitada, não oferece risco algum a não
ser um bocado de justificável nojo. Mas, ela não vai inocular qualquer tipo de
peçonha, provocar um mínimo ferimento, sugar nosso sangue ou qualquer outro
tipo de dano. O que ela quer mesmo é sair dali para longe desses gigantes
portadores de perigosos chinelos, quando não de seus mortais inseticidas.
Claro que tal explicação, apesar
de verdadeira e lógica, não terá a potência necessária para remover o medo das
entranhas profundas de muitas pessoas que me leem. O que é importante aqui é
perceber que existe um padrão que pode ser aplicado a muitos de nossos medos.
Eles são falsos!
Lembro que certa feita, minha
filha caçula, com não mais que seus quatro ou cinco anos chegou de sua
escolinha, logo jogou sua mochilinha num canto e me desferiu a seguinte pergunta
de supetão: “Pai, do que você tem medo?”
Eu, que já havia erradicado todos
os meus medos falsos, respondi de prontidão que não tinha medo de nada. Ela,
com seu jeitinho típico, colocou suas mãozinhas na cintura, tombou a cabeça
para mais perto do ombro esquerdo, apoiou-se mais em uma de suas pernas e ajeitando
o quadril, contestou: “Não acredito que você não tem medo de nada!”
Não sei se foi meu argumento ou a
fome que ela estava que a fizeram desistir de contra-argumentar.
O importante aqui é perceber que
nós mesmos criamos em nossa mente os piores perigos que tememos. Mas é
justamente aqui que precisamos perceber que todo medo tem uma anatomia
padrão.
Há a sensação de medo, e
essa é tanto real quanto verdadeira. Há o objeto do medo. A barata, o urso,
o leão, a demissão, o abandono, a separação. Mas há um terceiro elemento crucial:
o grande perigo do medo. Esse é o responsável pelo nosso temor. Não é o
leão que tememos, mas o dano que ele pode nos provocar. Não é a demissão, mas o
problema que ela pode causar. E esse, inúmeras vezes, é falso. É exagerado, difícil
de ocorrer, impossível ou mesmo inventado. Esse é um medo falso. Mas esse
também aprendemos com o tempo, a imaginação ou com nossos pais, como no caso da
barata.
Perceber que esse medo é falso
deveria ser suficiente para nos remover a sensação, mas não é. É preciso um
método e uma técnica apropriada para eliminar definitivamente esses medos falsos
para que não atrapalhem nossa vida, sobretudo pelo fato de que não nos protegem
de perigo real e verdadeiro.
Quer saber como?
Vamos fazer isso juntos?
Agradecimentos:
Foto de Petr Ganaj: https://www.pexels.com/pt-br/foto/um-leao-que-ruge-4032590/
Foto de EIRIK BILLINGTON: https://www.pexels.com/pt-br/foto/urso-marrom-20291/
Muito boa reflexão. Li e vou reler, repensar e refletir meus mefos
ResponderExcluirDesculpa a palavra correta é medo
ExcluirObrigado pelo comentário. Me acompanhe em outras reflexões.
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